Sempre tive
grande apreço pelo universo criado por Maurício de Sousa e
sua infinidade de personagens, divididos em diferentes turmas. Meus
favoritos eram antíteses, o Astronauta e Horácio. Ambos eram
tratados em suas histórias, em boa parte das vezes, de maneira mais
contemplativa, filosófica, cada um em seu tempo, divagando sobre o
futuro e suas vidas em breves aventuras. Astronauta foi o escolhido
dessa vez para homenagear o universo de Mauricio de Sousa e sua
personagem principal, Mônica, que em 2013 fez 50 anos, e embora já
tenha tal idade, podemos dizer que está em sua adolescência,
(podemos ver isso muito bem em Turma da Mônica Jovem) e tem um
futuro brilhante pela frente em uma empresa que criou um dos
quadrinhos mais relevantes da mídia brasileira.
Em primeiro
lugar, a revista de Danilo Beyruth já impressiona pela
qualidade do material: Capa dura, dimensão próxima de uma A4 e
papel couchê com boa gramatura, dando a entender que é material de
colecionador com alta qualidade, e de fato, conteúdo merece tal
tratamento. O personagem foi completamente remodelado e posto em um
universo mais maduro, buscando trazer à tona com mais força a
escuridão do universo e a nostalgia dos tempos de infância terrena.
A história,
assim como as de Maurício, é curta, mas bastante rica. Astronauta
(este é seu nome), está em mais uma missão em busca de estudar um
fenômeno chamado Magnetar. Durante a pesquisa, pensa sobre o passado
e suas escolhas. A missão corre bem, até que sua nave sofre um
acidente. A partir daí, Astronauta terá que lutar contra os perigos
do espaço, enquanto tenta manter sua sanidade em um cenário
solitário e com poucas esperanças.
Logo de
cara sentimos nuances de diversos filmes de ficção científica. A
história remete muito a Solaris (1972) , de Andrei Tarkovski
(ou também seu remake de 2002, com George Clooney), onde de forma
semelhante aos filmes, personagens da vida de Astronauta “revivem”
sob efeito das alucinações causadas pelo Magnetar. A partir daí, a
história se desenvolve trazendo à tona o principal conflito do
personagem de Maurício de Sousa: A solidão do universo, a tentação
de descobrir novos patamares dentro do infinito, que conflita com a
saudade que tem de casa, da família, assim como de sua ex-namorada
que teve que deixar por causa das longas viagens espaciais.
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O passado lhe condena? |
A história
é bastante consistente, e apesar de ter seu enredo e estilo bastante
diferentes do universo das histórias de Maurício, ainda é fiel ao
saudosismo que existe em boa parte de suas histórias, representada
pelas brincadeiras dos tempos de antes dos videogames do bairro do
limoeiro, ou os tempos de roça da turma do Chico Bento (o interior
também é bastante presente em Astronauta Magnetar).
Talvez a
maior lição que Maurício de Sousa nos dá é não esquecer as
origens; o passado, que embora deva ficar no pretérito, é o que
forma o caráter do ser humano e o impulsiona para o futuro.
Minha única
“crítica” a esta magnífica HQ é que senti que acabou rápido
demais, deixando aquela vontade de ler mais aventuras deste novo
astronauta. Quem sabe não haja uma continuação? Em todo caso,
ainda temos as revistas clássicas semanalmente.
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